sábado, 14 de outubro de 2017

Matthew, Zechariah e Hope


Meu nome é Hosanna, tenho 26 anos e essa é a minha história…

Desde infância sempre sonhava no dia que seria mãe. Enquanto algumas meninas pensavam em como seria seu casamento eu já dizia que: “se não casasse, adotaria uma criança de qualquer jeito”, porque o importante era ter filhos. Quase cinco anos atrás quando casei com meu melhor amigo Adão, nunca sonhava que eu seria “uma daquelas” que teria problemas ou perdas. Tenho aprendido que ninguém acha que vai ser uma “dessas”, mas infelizmente acontece bem mais do que imaginamos.

Nos últimos 4 anos tivemos 3 perdas. Duas no inicio de gestação (em Março de 2014, e Fevereiro de 2017). E entre essas duas perdas tive uma perda Neonatal (em Abril de 2016). Como alguém que teve perdas tanto no início como no fim da gestação, posso dizer sem duvidas que são bem diferentes. Uma perda de início de gestação é muito dolorosa! Demais! Bem mais dolorosa do que muitos percebem, pois desde o início amamos aquele bebê. Deixam um impacto enorme em nossas vidas e nunca esqueceremos deles. Meu Matthew e minha Hope sempre serão lembrados e carregados em meu coração. Mas acho quase impossível realmente entender a realidade da perda, da mesma forma que eu vivi, quando é uma perda tardia. Então meu foco hoje será sobre meu filho Zechariah James. Não porque ele seja mais importante que os outros dois que perdi, ou porque o amo mais, mas porque me impactou de uma forma diferente.

Como já mencionei perdi meu primeiro em 2014, então um ano e meio se passaram no qual queríamos engravidar mas não conseguimos (por causa de um desequilíbrio hormonal). Então quando descobri que estava grávida era impossível não nos apegarmos, tínhamos orado por tanto tempo por esse bebê. Foi até em meio dessa espera que escolhemos o nome Zechariah. Pois o nome significa “Deus lembrou de mim” e sabiamos que foi Deus que respondeu nossa oração e nos deu a benção que agora carregávamos.

O que falar sobre minha gestação? No geral foi tranquilo, maravilhoso... Amei cada minuto que tive com nosso filho. Poderia contar sobre a primeira ultrassom ouvindo o bater do seu coração. Sobre como ele era ativo, que de início só via na tela e, com o tempo fui sentindo cada vez mais seus movimentos o dia inteiro. Sobre os enjôos, as mudanças de gostos em comida, como passei quase toda a gestação sem comer um doce se quer porque não gostava nem um pingo deles enquanto grávida. Memórias tão especiais pra mim que sempre guardarei no meu coração.

Fui acompanhada por Doutor Antonio Sergio, e sou muito grata a Deus por ele. Ele realmente cuidou muito bem de mim! Sempre me escutava sem pressa, e tirava todas minhas duvidas.

Ai chegou o grande dia, dia 1 de Abril, 2016. O dia que tudo que parecia estar completamente normal e dentro do controle virou de cabeça para baixo. Começou como um dia normal, fui ver meu doutor, conversamos sobre o próximo passo... Ele escutou o batimento do Zechariah por um bom tempo e o batimento cardíaco dele estava dentro do normal (150). Como já estava com 9 meses ele achou melhor confirmar com uma ultrassom que realmente estava tudo bem.

Literalmente uma hora após estar no consultório do meu doutor, estava fazendo uma ultrassom quase vizinho de onde ele estava. Não precisaram de muito tempo, em questão de poucos minutos estavam me mandando ir para o hospital, pois o batimento cardíaco do Zechariah era de apenas 50 por minuto. Corremos para Unimed onde meu Doutor nos encontrou e fomos logo para cesariana de emergência.

Em meio à toda aquela correria, o medo, e todas as incertezas não poderia deixar de dizer de novo como meu Doutor foi um suporte para mim! Sempre do meu lado me acalmando, e me mantendo informada da melhor forma possível. Tiraram meu filho e levaram imediatamente para a UTI, pois já sabiam que ele estava em estado crítico. Enquanto terminavam a cirurgia comigo meu filho lutava pela a vida dele.

Lembro de estar no corredor do hospital com meu marido, esperando ser transferida para meu quarto, ainda sem saber se meu filho iria sobreviver ou não, quando chegou a nossa mente o Salmos 23 e bem aí começamos a recitá-lo. “...Ainda que eu ande pelo o vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum pois tu estais comigo...” Enquanto isso Zechariah teve 3 ataque cardíacos, e reanimavam ele, porém na 3ª vez ele não resistiu. Ele viveu por quase 3 horas, mas o impacto que deixou em minha vida não poderia ter sido maior se vivesse por 30 anos.

Um fator bem grande em minha história, ou em muitas histórias como a minha, é o estado de choque em que a pessoa fica nessa situação. Têm muitos detalhes que eu queria tanto lembrar, mas não lembro, além de estar recuperando da cesariana, e de ter metade do meu corpo dormente, e de ter acabado de ouvir que meu filho não estava bem, também perdi muito sangue. Em meio de tantos detalhes que mal lembro, ou me contam e eu fico surpresa de não saber; tem uns momentos que nunca na minha vida esquecerei. Está registrado em minha mente de uma forma tão viva que acho que carregarei comigo até a morte. O momento em que vi o meu filho.

Não tive como ver o meu filho até depois da morte dele, depois que permitiram meu marido a banhá-lo e vesti-lo trouxeram meu lindo menino a mim. Nunca vi um menino tão lindo na minha vida, cabelos com cachinhos que puxou do pai, um rosto a cara da mãe. Longo e gordinho, bochechas tão fofas, não parecia um bebê recém nascido e frágil, parecia um bebê forte e lutador. Pesava 4 quilos e media 52 cm.

Já vejo que a dor de uma perda nunca se vai, é uma dor que aprendemos a carregar todo dia conosco. A saudade permanece para sempre, mas aprendemos a lidar com ela. Aprendemos a sorrir quando pensamos neles em vez de chorar. Mas o chorar é necessário, o luto precisa ser vivenciado para que possamos melhorar

Diante disto, muitas pessoas ao ouvirem minha história iriam dizer que ela ainda não tem um final feliz. Pois ate hoje ainda não seguro nenhum filho em meus braços. Mesmo tendo procurado tanto por conceber naturalmente, como por adoção, Deus tem planos maiores pra mim que no momento não incluem filhos. Não quer dizer que nunca terei, só Ele sabe; mas meu final feliz não depende disso, pois já tenho um final feliz.

Meu final feliz é na forma de esperança. Uma esperança que nem toda mãe pode ter, pois sei que por ter aceitado a Cristo como meu Salvador, por ter confiado que Ele, como Deus, veio a esta terra, morreu e ressuscitou para me livrar dos meus pecados e me dar vida eterna,  além disso posso ter 100% de certeza que eu verei meus filhos de novo.
Nem tenho como expressar a minha animação ao pensar no dia que terei esse privilégio de vê-los, abraçá-los e beijá-los.

A Bíblia diz em 1 Tessalonicenses 4:13-18: “Não queremos, porem, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem (morrem), para não vos entristecerdes como os demais, que não tem esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará em sua companhia aos que dorme. Ora ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: Nos, os vivos, os que ficarmos ate a vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitaram primeiro; depois, nos os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras.”

Sempre sentirei a falta dos meus 3 bebes, e nunca os esquecerei. Mas sou grata a Deus que tenho essa esperança que os verei de novo algum dia no céu.



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